��Eu gosto de viajar para conhecer pessoas e n?o lugares�� diz Jason Mercier
J�� passaram mais de 4 anos desde a primeira visita da European Poker Tour a Portugal. Em meados de Novembro de 2009, o Casino de Vilamoura recebeu uma das etapas da maior competi??o de poker europeu.
O inverno de 2009/10 foi rigoroso por todo o norte da Europa. Lembro-me de sair de Londres por entre tempestades e avisos de nev?es fortes para os pr��ximos dias. De Portugal recebo not��cias que o tempo n?o estava ��muito melhor��. Esperava um tempo miser��vel e um desperd��cio de torneio j�� que o potencial de Vilamoura e Algarve seria diminu��do e teria pouco efeito nos jogadores europeus que se esperavam no EPT.
Com grande espanto, aterrei em Faro com um dia solarengo e um tempo ameno (��invernoso�� para padr?es portugueses). O clima do Algarve, protegido pela cordilheira a norte era um o��sis numa Europa devastada por mau tempo. Jogadores de todos os cantos da Europa cancelavam os voos e preferiam n?o se aventurar enquanto que os jogadores que j�� tinham aterrado no Algarve apressavam-se a comunicar por Twitter e Facebook que o tempo estava maravilhoso. Parecia mentira mas n?o se via nenhum ind��cio de tempestade naquele canto da Europa.
N?o obstante o mau tempo, mais de 300 jogadores vieram de v��rios cantos do mundo na etapa Vilamoura da temporada 6 da European Poker Tour. Um torneio hist��rico justamente ganho pelo portugu��s Ant��nio Matias numa batalha heads-up ��pica contra o Friend of PokerStars Pierre Neuville.
O sucesso do torneio, a hospitalidade t��pica do Algarve e o bom tempo fizeram com que a maioria dos jogadores sa��sse de Vilamoura com um prazer de terem participado e um desejo enorme de voltar. Conversei com v��rios jogadores como sempre fa?o curioso por conhecer outras hist��rias e, neste caso, por saber a reac??o ao ��jardim �� beira-mar plantado��.
De todas as conversas, a que lembro melhor foi com o Team PokerStars Pro Jason Mercier, na altura uma estrelas em ascens?o com 23 anos mas j�� com alguns milh?es arrecadados em pr��mios. Depois de uma dia inteiro de poker, eu, alguns colegas de trabalho, o Jason Mercier e o Allen Bari juntamo-nos num quarto de hotel para descomprimir. Entre cervejas e cartas, surgiu o tema de Vilamoura e da beleza do Algarve. Jason, que apenas conhecia o aeroporto de Faro, o casino de Vilamoura e o hotel Hilton, n?o tinha planos para conhecer nada mais. Quando lhe perguntei porqu��, n?o estava �� espera de uma resposta filos��fica que me ia ficar gravada at�� hoje:
��Eu gosto de viajar para conhecer pessoas e n?o lugares��.
O prazer que Jason tinha ao viajar para torneios de poker por todo o mundo era para conhecer pessoas e partilhar momentos em vez de fazer o tradicional ��turismo��. Quando viajas muito (algo que os jogadores de poker est?o habituados a fazer) os lugares acabam por ficar banalizados. Afinal de contas, aeroportos, hot��is e casinos s?o iguais em todo o mundo e com as viagens acabas por perceber que bastantes cidades s?o na realidade muito parecidas. A esta banaliza??o surge o contraponto da interatividade social e da presen?a humana.
Para Jason, o mais importante era viajar para conhecer pessoas novas e partilhar momentos e experi��ncias como aquele ali em Vilamoura entre amigos, cervejas e uma vista sobre a marina de Vilamoura. Nunca mais me esqueci desse momento. Foi tamb��m nessa noite que decidi nunca mais jogar poker depois de uma sess?o de poker ���� brincadeira�� com o Jason Mercier e o Al Bari. �� como ir jogar t��nis ali para o Campo Grande com o Rafa Nadal. Pode parecer muito giro ao inicio mas vais estar sempre a apanhar do ar��
Quatro anos depois, Al Bari �� um chef com sucesso no seu pr��prio restaurante em New Jersey (depois de alguns pr��mios no poker) e Jason Mercier arrecadou mais uns quantos milh?es em outros torneios. De Vilamoura, levaram apenas recorda??es�� e algum do meu dinheiro.
Miguel Barradas inEntre Linhas